Publicado em Fev 13, 2006

As agressões por soldados britânicos a crianças no Iraque

A notícia que faz hoje aberturas de serviços noticiosos é a divulgação de um vídeo amador com agressões de soldados britânicos no Iraque.

A propósito, Marcelo Rebelo de Sousa acabou de dizer, na RTP: “é o pior que podia acontecer neste momento”. Não partilho, de todo da mesma opinião.

Em minha opinião será um “non event”. É que, para eles, é um comportamento esperado. É um comportamento que não choca na Idade Média.

Há pouco passou uma entrevista num café de Bagdad em que um espectador pouco atento das notícias que davam conta do vídeo no telejornal em Bagdad balbuciou algo muito mal ensaiado sobre “o respeito pelos direitos humanos”. Uma completa falta de convicção transpirava-lhe por todos os poros.

Publicado em Fev 12, 2006

O Islamismo e a Idade Média

Ainda a propósito das caricaturas de Maomé. É preciso que se perceba, de uma vez por todas, que não são civilizações completamente diferentes, mas que se trata, de facto, de um choque de civilizações. Como? É que não é um choque cultural, é um choque temporal! É tão simples quanto isso.

No primeiro milénio do nosso profeta, Jesus Cristo, também nós mandávamos para a fogueira os hereges. Tínhamos a nossa Sagrada Inquisição que condenava as blasfémias em nome do Senhor.

Eles estão agora a chegar ao primeiro milénio de Maomé. Estão ainda na Idade Média.

Não é possível pedir-lhes que avancem mil anos de um dia para o outro. Os resultados estão à vista: impor eleições democráticas na Idade Média, na Argélia, no Iraque, no Islão é um erro enorme. A Idade Média é época de Reis. E como o irão era um paraíso quanto tinha ainda o Rei…

Impôr saltos de mil anos na Idade Média, resulta que a Internet é usada para combinar atentados, a Liberdade de expressão para incitar à violência, o simulador de voo da Microsoft para treinar atentados, os aviões são usados como bombas gigantes e a largura de banda é usada para mandar abaixo firewalls e sites da Dinamarca. Tal como as paredes dos castelos de então e as catapultas. Mata-se o mensageiro quando a mensagem não agrada, tal como o coitado do tradutor do livro de Salman Rusdein.

É preciso dar mais exemplos? Como eu acho que isto vai acabar? Com o Grande Muro. O Livro que escreverei um dia.

E é claro que a finalidade final das agressões é, tal como na Idade Média, a conquista do nosso ouro. A religião é, tal como sempre foi nestes casos, apenas uma desculpa.

P.S: Ainda a propósito da Idade Média, lembrei-me de um exercício interessante: imagine-se que Lisboa regressa no tempo dois mil anos, mas o Centro Comercial Colombo se mantém exactamente igual ao que está hoje, incluindo todo o recheio. Imagine-se o que acontece a seguir, principalmente no uso dado a cada um dos objectos encontrados no seu interior. (Parta-se do principio que toda as máquinas, motores e aparelhos eléctricos continuam a funcionar)

Publicado em Fev 11, 2006

As Caricaturas e a política do Medo

Há alguns anos, por causa de algo que nunca me seria possível lembrar agora, recordo-me de estar a argumentar com uma “senhora” num autocarro da Carris.

O que também ainda me recordo muito bem foi como acabou a discussão: com o meu silêncio granítico e a minha indiferença basáltica. E logo eu, que nunca desisto de fazer valer o meu ponto de vista.

Só que, a certa altura, a “senhora” baixou o nível repentinamente e a partir daí, tinha perdido imediatamente a razão, pelo que não valia mais a pena argumentar o que quer que fosse.

E o que é que isto tem a ver com os recentes actos praticados por radicas islâmicos contra interesses europeus a propósito da publicação das caricaturas do profeta Maomé?
É que queimar embaixadas e apontar com armas é perder imediatamente a razão, independente do assunto em causa. Ponto.

Assim, o mais importante seria que esses argumentos nunca nos intimidassem! A indiferença total seria a melhor arma de todas. Imagine-se nenhum destaque noticioso, nenhuma capa de jornal. Quanto alguém ameaça, o pior que pode receber de volta é a indiferença total à sua ameaça. É, nos desenhos animados, aquela situação clássica em que só se vê uma boca aberta com uns dentes enormes pingando saliva, um rugido medonho e um ratinho, em frente, completamente indiferente à situação. Cena seguinte? O feroz animal põe em causa, naturalmente, a sua virilidade!

É claro que, o segredo para tanto sangue frio é saber que, no fundo e mesmo que não pareça, se é muito mais forte. É nós, Europa, temos dúvidas?!

Publicado em Fev 5, 2006

Bill Gates em Portugal

Por ocasião da visita de Bill Gates a Portugal, à RTP foi concedida uma entrevista de 30 minutos, mal contados.
Acreditem, fiquei envergonhado. E não me refiro ao Inglês mal arranhado.
Com tantas e tantas perguntas interessantes para serem feitas, sobre o novo Windows Vista, sobre a estratégia para o anunciado AdLab face ao Google, ou sobre o Live.com, que pretenderá colocar o Windows finalmente online, ficámos a saber, ao invés de tudo isso, que Bill Gates gosta de lavar a loiça em casa!
Mas a vergonha vai mais longe: “Passa muitas horas à frente do computador?” “Trabalha todos os dias?” “Acha-se mais importante que os políticos”.
Desculpa lá qualquer coisinha, Bill. Merecias mais.

Mas vamos ao que interessa. Acerca dos “acordos de cooperação” assinados com 7 ministros, só tenho uma observação a fazer: muita parra e pouca uva! Queira Deus eu me engane, mas o tempo dirá. Se não fosse o Mister Barroso ter cá vindo apaparicar Bill Gates e queria ver se ele tinha cá vindo. Mister Barroso é, como sabem, o Presidente da Comissão Europeia…

No entanto, verdade seja dita, o homem é o maior doador particular a nível mundial! E isso é de aplaudir, e muito.

Publicado em Fev 3, 2006

A secreta oculta de Sócrates

A polémica do dia é sobre a capa da Visão que anuncia estar o primeiro-ministro a criar um novo núcleo de serviços de informação, não previsto na lei e sem controlo do Parlamento. Uma espécie de serviço secreto privado de José Sócrates. Tanto o secretário-geral do Serviço de Informações como o Governo garantem que a notícia é «falsa». A VISÃO reafirma a notícia e garante que vai continuar a investigar.

Mas o que achei mais curioso foi a atitude do Procurador-geral da República. Quando, ao fim do dia e depois de todos as televisões e rádios falarem do assunto insistentemente, é questionado pelos jornalistas, responde: “Não sei de nada, não li nada, por isso…”

Será que, quando eu for parado pela brigada de trânsito e me vieram com histórias que violei o artigo numero não-sei-quantos do código da estrada posso responder o mesmo?
E não me venham depois com argumentos de que é minha obrigação saber o código!

Publicado em Fev 3, 2006

Os Portugueses e o Euromilhões

A vida está má? Os portugueses estão sem dinheiro? Não me venham com “tangas”!
Esta provado que o manhoso “tuga” só usa essas desculpas na hora de pagar o que deve ao próximo. Se não, atente-se aos números: o ano passado os portugueses gastaram mais de MIL MILHÕES DE EUROS a apostar no Euromilhões! Só esta semana, em que há mais uma vez Jackpot, já vão em 44 milhões, e ainda é Quinta-feira!

Também gosto das respostas que dão quando lhes perguntam o que fariam caso ganhassem o Jackpot, invariavelmente a resposta é sempre qualquer coisa como: “comprava um casinha e pagava o empréstimo do carro”. Mas a resposta que ganha o brinde do bolo-rei foi mesmo: “Tirava a carta”.
De facto, não têm mesmo noção do montante em causa. É caso para dizer: dá Deus nozes a quem não tem dentes. Perguntem-me a mim, que eu sei o que responder!

Publicado em Jan 12, 2006

A Solução para Portugal

Como aumentar a produtividade, diminuir drasticamente o desemprego e aumentar os ordenados, sem a mínima contestação social. Parece impossível? Não é. A receita é muito simples, mas é preciso ter… muita coragem.

Faz-se uma revisão total da legislação laboral que permita a coexistência de dois enquadramentos completamente dispares para os contratos de trabalho. No primeiro, tudo se mantém exactamente como até aqui e nenhuma regalia é perdida. No segundo, contudo, todas as regalias são perdidas e implementa-se a legislação mais flexível que o espaço comunitário permite. A que permite, por exemplo, despedir um trabalhador de um dia para o outro. O truque está em conseguir manter as duas a funcionar ao mesmo tempo.

Não haverá contestação, porque ninguém será afectado a não ser os novos trabalhadores. Mas até esses poderão escolher entre quais dos regimes pretendem ser enquadrados. É claro que, conhecendo como conheço a nossa gente, está-se mesmo a ver o que vai acontecer. Quando um novo empregado entrar, a ganhar, no novo regime, quase o dobro do que ganham os seus colegas, quero ver quanto tempo dura até que eles mudem para o novo regime. E estou mesmo a ver os sindicalistas atrás a dizer: “não façam isso, por favor! Não se deixem enganar”.

Estamos numa época chave. É preciso tomar decisões drásticas. A Europa já não nos deixa fazer o que Irlanda fez, quando pôs o IRC a zero. Ainda temos algumas hipóteses. Usemo-las o quanto antes, “antes de que sea tarde”.

Publicado em Dez 25, 2005

Publicado em Dez 12, 2005

O discurso de Harold Pinter

Imperdível o discurso de Harold Pinter de aceitação do Prémio Nobel da Literatura 2005. Todo o discurso é fantástico, mas não pude deixar de traduzir a pérola que é o discurso que aspirou escrever para George W. Bush.

Diz George, pela mão de Pinter:

Deus é bom. Deus é grande. Deus é bom. O meu Deus é bom. O deus de Bin Laden é mau. O deus dele é um deus mau. O deus de Saddam era mau. O deus de Saddam era mau, só que ele não tinha nenhum. Ele era um bárbaro. Nós não somos bárbaros. Nós não cortamos as cabeças às pessoas. Nós acreditamos na liberdade. Deus também. Eu não sou um bárbaro. Eu sou o líder eleito democraticamente de uma democracia amante da liberdade. Nós somos uma sociedade misericordiosa. Nós electrocutamos por misericórdia e as nossas injecções letais são misericordiosas. Nós somos uma grande nação. Eu não sou um ditador. Ele é. Eu não sou um bárbaro. Ele é. E ele também. Todos o são. Eu possuo autoridade moral. Estão a ver este punho? Esta é a minha autoridade moral. Nunca o esqueçam.

Publicado em Dez 8, 2005

Ninguém quer trabalhar em Portugal

Professores, Juízes, Policias, Militares não percebem quão ridículos parecem ao fazerem discursos esfarrapados e sem nexo, quando o que querem realmente dizer é: “Eu não quero trabalhar mais e também não quero continuar a receber o mesmo!”
De facto os discursos são, invariavelmente, do género: “Isto não é solução. O que é preciso é repensar e reestruturar todo o sector _____ (preencher de acordo) para que se possa realmente oferecer um serviço de qualidade.”
Tenham dó!

P.S: Para quem achava que os meus posts andavam muito para a esquerda, aqui está um mais à direita.