Vou votar sim; pela despenalização do aborto.
Porque gosto muito de crianças, porque defendo que cada criança ao nascer tem o direito absoluto de ser desejada, querida e amada. Porque defendo que só estando garantidas as mínimas condições sócio económicas e de saúde (no sentido mais lato, o da OMG) uma mãe tem o direito de pôr um filho no mundo.
Os argumentos dos defensores do sim são hipócritas e imorais.
Há os que dizem que são pela vida. Muito bem. Eu também. Será que nunca tomaram antibióticos (anti + bio = vida)?
Argumentam então que se trata de vida humana. Porque então porque se desligam as máquinas, em doentes terminais, quando acontece a morte cerebral? Não se trata de vida humana então?
Esta questão e bastante importante.
Sou incondicionalmente contra a pena de morte e eutanásia, mas isso guardarei para outro posts.
O Homem é um ser fascinante e distinto de todos os outros animais. Distinto, principalmente por aquela característica única que alguns chamarão alma mas que eu prefiro chamar consciência. Somos o único ser auto consciente. E como dirão alguns não pode o homem destruir o que algo, o acaso ou Deus criou. Eu prefiro dizer que não pode o homem, por definição, destruir algo que tem consciência que existe mas não sabe qual a finalidade pela qual existe.
Entendo que, num feto com menos de 10 semanas não existe ainda a consciência da existência e portanto, não pode ainda ser considerado um ser humano.
Talvez virá no momento do nascimento, esse choque brutal com o mundo real que estranhamente nos dá a todos características semelhantes de acordo com o posicionamento dos astros.
E talvez não. Espero que um dia as neuro-ciências venham a conseguir descobrir quando se forma e é activada essa parte misteriosa do cérebro que nos dá a capacidade de sentir que existimos. Serei a favor do aborto antes dessa data e absolutamente e sem excepções contra depois.
Voto sim porque a lei não obriga ninguém mas dá ás mulheres a possibilidade de escolha. E só uma mãe sabe o que é melhor para o seu filho. E nenhuma mulher nunca tomará a decisão de fazer um aborto de ânimo leve. E se a tomar, a lei funcionara, porque essa mulher não mereceria ser mãe.
Em Freakonomics, naquele que é o capítulo mais controverso do livro (“O que é feito de todos os criminosos?”) Steven Levitt afirma que, ao contrário daquilo que a “sabedoria convencional” indica, as taxas de crime nos EUA não desceram nos anos 90 devido a factores como uma maior presença de polícias na rua ou de leis de controlo de armas. A verdadeira razão, argumenta Levitt, está na legalização do aborto no país em 1973 — as mulheres que mais terão beneficiado com a nova lei terão sido as mais desfavorecidas, cujos filhos (se tivessem nascido) teriam um maior risco de “cair nas ruas” e no crime. O efeito da legalização do aborto na redução do crime começou a fazer-se sentir nos anos 90, altura em que essas pessoas seriam adolescentes. Não há dúvidas quanto à crueza desta linha de argumentação: o aborto legalizado terá acabado prematuramente com uma boa parte de uma geração de criminosos.
Vou votar sim porque é certo e sabido que para controlar, melhorar e sim, até diminuir (esclarecendo) há que legalizar.
Finalmente o que está em causa é tão-somente o que o Estado, o código penal, fará quando houver um aborto antes de 10 semanas. O Estado não tem nada a ver com isso; é, em última análise, uma questão para decidir em consciência e, quem é contra, pode continuar a ser contra.
Tá male, man… Máááále!
Tá irrádu!… Irráááááádu, man…
Errh!
Mááááááále.
PS: GF
(vou ser papá e a Rita ficou grávida, na altura do referendo… por isso vivi na pele o que seria achar que tinha direitos sobre a Joana… Abraços técnicos do João Ferreira pró Zé :p )