Temos Papa! Lamento, mas tenho de confessar que não gosto do novo Papa. O “Pastor Alemão de Deus”, a volta do “Grande Inquisidor”, a participação na Juventude Hitleriana, nada disso me incomoda. As pessoas mudam. Mas gostar é subjectivo: ou se gosta ou não se gosta. E o que me faz não gostar do novo Papa é o seu olhar, o seu semblante, a sua áurea, a maneira como olha para as pessoas e a maneira como fala para as pessoas (em Latin!). E depois, na comparação com João Paulo II, perde em todas as frentes. Acho que a frase que melhor perspectiva isto é: João Paulo II disse “Se me enganar corrijam-me”. Pio IX diz “Se me enganar, livrem-se de me corrigir”.
João Paulo II teve uma importância fundamental na queda da Rússia como potência e estou convicto que poderá até ter evitado guerras no coração da nossa Europa. Para o desempenho deste seu papel fundamental, não fez uso de tratados, acordos ou outras intervenções instituídas. Foi simplesmente, a sua maneira de ver o mundo.
É que a maneira de ver o mundo de um líder religioso é a inspiração para todos os seus seguidores. E sendo ele o líder religioso com maior número de crentes no mundo, a sua importância é imensurável. É errado pensar que só os líderes religiosos islâmicos iniciam guerras ou sustêm povos, justificando-o com o fanatismo de alguns povos islâmicos. Para todos os outros a importância não é tão fácil de medir, mas está lá. Está lá na altura em que tomam decisões, muitas vezes até inconscientemente. Está lá quando pensam se devem ou não vingar-se do vizinho que riscou o carro, e está lá quando um líder de um pais decide se deve ao não recorrer à força para retaliar um embargo económico.
E é isso, só isso, que me preocupa neste novo Papa. Queira Deus esteja errado.
A morte João Paulo II ficará também e para sempre marcada na minha memória como a altura da minha Grande Perda pessoal. Precisamente na mesma altura em que perdia a inspiração religiosa do Pai ecuménico, perdia a inspiração de vida do meu para sempre querido Pai. A minha Referência, o meu Herói.