No Herman Sic de hoje, e a propósito da entrevista a um astrólogo, Herman José pergunta para o ar: “Alguma vez uns calhaus lá no espaço podem ter alguma influência aqui”?
E eu pergunto: O que causa as marés? Imagine-se a quantidade de água que se move com as marés!
A “influência dos calhaus” é uma força chamada Atracção Gravitacional, mais precisamente Lei de Newton de Gravitação Universal, mas tarde reformulada por Einstein na Teoria Geral da Gravidade, introduzindo a curvatura espaço-tempo em redor dos corpos. Tudo o que vemos à nossa volta sofre a influência desta força, de entre as outras três forças da natureza.
No entanto, a força da gravidade é, de entre todas elas, a única que obstinadamente se recusa a obedecer à mecânica quântica (as outras três – o eletromagnetismo, a força forte e a força fraca podem ser quantizadas).
De facto, a sua exacta medição e determinação ainda é hoje impossível e está envolta em contradições e frustrações nas buscas para encontrar uma consistente teoria que a explique e integre com as outras. Nem o próprio Einstein o conseguiu. Era, aliás, uma das suas grandes frustrações. Apesar de parecer não obedecer a nada, a sua influência de modo inequívoco em todos os corpos é inquestionável.
Sabe-se hoje que, na gestação de cada ser humano, as mais pequenas influências externas podem ter um resultado extraordinário na sua personalidade, como por exemplo, os estados de espírito da mãe. As alterações que o ser humano sofre no período de gestação são infimamente maiores do que a partir do momento do nascimento.
Os astros com maior “influência” gravitacional sobre a Terra são, como se sabe, o Sol e a Lua. A posição do Sol varia ao longo do ano, é ela que define o que é um “ano”.
Assim e resumindo; sabemos que existe uma força poderosa, ainda com o seu quê de misterioso, que varia conforme a altura do ano; sabemos também que, durante a gestação, o feto e a formação do cérebro sofrerá alterações múltiplas e extremamente sensíveis ás mais pequenas influências.
É fácil somar dois mais dois. Acredito na possibilidade de haver características de personalidade muito semelhantes para pessoas nascidas na mesma altura do ano. Quanto mais próximo, mais parecidas. Se quiseram chamem-lhes “signos”.
É pena que Astrologia tenha feito uso disso para criar uma vasta parafernália de folclore como previsões do futuro ou horóscopos diários. Tornou tudo muito pouco sério.